quinta-feira, 11 de março de 2010

SOMOS TODOS DESCENDENTES DE NOÉ?

 

Na madrugada do dia 12 de outubro de 1492, quando Cristóvão Colombo tocava as costas da Ilha de São Salvador e o mundo se despertava com a aparição de um novo continente, jamais o navegador genovês imaginava que esta sua descoberta, além dos problemas políticos, econômicos, culturais e étnicos, fossem também abalar o mundo da Bíblia.

Se, naquele dia, Colombo tivesse desembarcado nas Índias, que era o seu destino desejado, tudo estaria tranqüilo. Mas é que ele chegou a um "Novo Mundo", conforme a expressão de Américo Vespúcio. Portanto, os nativos deste mundo novo não eram asiáticos, pertenciam a um grupo de gente até o momento desconhecido. Isto trouxe um sério problema para os eruditos e para os clérigos daquela época.

Todos de um só. No século XVI, pensava-se que todos os povos do mundo descendiam originalmente de Adão e Eva, e que podiam ser rastreados facilmente em suas origens até chegar a Noé. Isto conforme está na Bíblia, no capítulo 10 do Gênesis.

Na Bíblia se conta como todos os habitantes da Terra desapareceram com o Dilúvio, ficando só a família de Noé. E, a partir dos 3 filhos de Noé (Shen, Chan e Jafet) começou novamente a ser repovoada a face da terra. E, no capítulo 10 do Gênesis, está a lista de todas as nações e sua progressiva expansão. Esta tabela etnográfica, documento único da literatura antiga, já que não se encontra nenhum outro tão completo nas demais literaturas da época, servia na Bíblia para mostrar como a descendência de Noé cumpriu o mandato divino de crescer, multiplicar e encher a terra (Gn 1,28), com o que Noé passou a ser o novo progenitor da humanidade.

A "Tábua das Nações". Mas de onde saiu esta "Tábua das Nações" que consta neste citado capítulo do Gênesis? Na verdade se trata de um velho católogo de povos e nações composto no século 10 a.C., quando o rei Daví começou a organizar o seu Reino. Com efeito, ao estabelecer relações comerciais e diplomáticas com seus vizinhos, os Israelitas descobriram a enorme diversidade de povos que habitavam o já dilatado mundo daquele tempo. Resolveram, então, classificá-los para colocar um pouco de ordem naquela multiplicidade e criaram esta "Tábua das Nações".

Na composição deste elenco de povos, o autor agrupou as nações de acordo com 3 categorias:

1) aqueles povos com os quais Israel mantinha relações amistosas, seja por razões históricas, comerciais ou étnicas, foram colocados como descendentes de Shen;

2) o segundo grupo era formado pelas nações inimigas de Israel que foram colocadas como descendentes de Chan, o filho maldito de Noé (Gen 9,22 - 25);

3) finalmente, todas as outras raças e nações que lhes eram indiferentes ou neutras foram colocadas como filhas de Jafet. Deste modo se obteve um mundo divido em 3 partes que, geograficamente, ficavam: ao norte e ao oeste de Israel, isto é, toda região da Ásia Menor e das Ilhas do Mediterrâneo, habitadas pelos descentes de Jafet; ao sul, isto é, o Egito e sua zona de influência, filhos de Chan; e o grupo oriental, Mesopotâmia e arredores, terra de Shen.

Nenhum comentário:

Postar um comentário