domingo, 1 de novembro de 2009

Morre aos 100 anos o antropólogo Lévi-Strauss

Claude Lévi-Strauss, considerado o pai da antropologia moderna, morreu na sexta-feira passada, aos 100 anos de idade, informou nesta terça-feira o professor Philippe Descola.

claude

Descola, que sucedeu Lévi-Strauss na liderança do Laboratório de Antropologia Social do Colégio da França, revelou à AFP que o autor de "Tristes Trópicos" (1955) - um dos grandes livros do século XX - foi enterrado na véspera, na cidade de Lignerolles, no oeste da França, onde tinha uma residência.
Em suas mais de 30 obras, Claude Lévi-Strauss propôs uma nova abordagem dos mecanismos socioculturais, aplicando a análise estrutural às Ciências Humanas.
Nascido em Bruxelas no dia 28 de novembro de 1908, Claude Lévi-Strauss, catedrático de Filosofia, lecionou durante dois anos na França. Em 1935, mudou-se para o Brasil para ministrar aulas na recém-fundada Universidade de São Paulo.
No Brasil, entrou em contato com populações indígenas e organizou missões etnográficas em Mato Grosso e na Amazônia.
De volta à França, foi mobilizado em 1939 para combater na Segunda Guerra Mundial. Mas no ano seguinte foi liberado devido a sua origem judaica. Se refugiou então nos Estados Unidos e ensinou em Nova York. Após a guerra, em 1946, foi nomeado conselheiro cultural da embaixada da França.
Em 1949, obteve o cargo de vice-diretor do Museu do Homem de Paris.
A partir de 1950 ocupou a cátedra de Religiões comparadas dos povos sem escrita da Escola de Altos Estudos de Paris e, em 1959, a de Antropologia Social do Colégio da França.
Foi o primeiro etnólogo eleito membro da Academia Francesa, em 1973.
Entre suas principais obras estão "Estruturas elementares do parentesco" (1949), "Antropologia estrutural" (1958), "Pensamento selvagem" (1962), os quatro tomos da série "Mitológicas" (publicados entre 1964 e 1971) e, certamente, "Tristes trópicos", a mais famosa delas.
Casado pela terceira vez em 1954, Lévi-Strauss tinha dois filhos.

 Levi-strauss-by-pablo-secca Entre 1935 a 1939, Lévi-Strauss lecionou sociologia na recém-criada Universidade de São Paulo, juntamente com os professores integrantes da missão francesa, entre eles: sua mulher Dina Lévi-Strauss, Fernand Braudel, Jean Maugüé e Pierre Monbeig.
Junto com Dina, Strauss também excursionou por regiões centrais do
Brasil, como Goiás, Mato Grosso e Paraná. Publicou o registro dessas expedições no livro Tristes Trópicos (1955), neste livro ele conta inclusive como sua vocação de antropólogo nasceu nessas viagens.
Em uma de suas primeiras viagens, no norte do Paraná, teve seu esperado primeiro contato com os índios, no
rio Tibagi, porém ficou decepcionado, ao supor sem muita etnografia que "os índios do Tibagi (Kaingang) não eram nem 'verdadeiros índios', nem 'selvagens'" (Lévi-Strauss 1957:160-161).

Porém ao final do primeiro ano escolar (1935/1936), ao visitar os Kadiweu na fronteira com o Paraguai e os Bororo no centro de Mato Grosso, lhe rendeu sua primeira exposição em Paris nas férias de (1936/1937), o que foi fundamental para entrada de Lévi-Strauss no meio etnológico francês, conforme admite ele próprio:[4] "Eu precisava fazer minhas provas de etnologia, porque não tinha formação alguma. Graças à expedição de 1936, consegui créditos do Museu do Homem e da Pesquisa Científica, ou do que acabaria se chamando assim. Com esse dinheiro, organizei a expedição nambiquara."

Em 1938 foi realizada uma expedição até os Nambikwara no Mato Grosso, com financiamento francês e brasileiro, que deveria durar um ano. De fato, durou seis meses - de maio a novembro do mesmo ano. Além do casal Lévi-Strauss, participaram o médico e etnólogo francês Jean Vellard e o antropólogo brasileiro Luis de Castro Faria, que aponta os problemas que a missão enfrentou com os órgãos públicos brasileiros, por contar com o patrocínio de Paul Rivet, ligado ao Partido Socialista francês, e que se tornara persona non grata no Brasil porque supostamente teria difamado o país na França.[5]Luis Grupioni aponta as resistências existentes no SPI quanto à segurança da missão e a relutância de Lévi-Strauss em aceitar um fiscal do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas:"Mais que a possível simpatia socialista identificada aos membros da expedição, era a perspectiva de fiscalização e controle de uma expedição estrangeira, o que teria impedido a concessão da licença."

 

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