quinta-feira, 8 de outubro de 2009

eurocentrismo

Alteridade e etnocentrismo no Ocidente

jovem-negro A forte cultura aliada à questão religiosa e histórica tornava os europeus ocidentais medievais preconceituosos em relação ás outras civilizações que via na representação do outro como seres monstruosos. Nem mesmo o contato, através de peregrinação e rotas comerciais, ocorridas entre os séculos XII e XIII, que acarretou em contato com outros povos foram capazes de mudar completamente a imagem estereotipada.

 Meirelles, Victor (1832 - 1903)
 	
Primeira Missa no Brasil , 1860
óleo sobre tela
268 x 356 cm
Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Reprodução fotográfica Lula Rodrigues Claro que a expansão comercial da Europa Ocidental e todas as relações com povos e culturas diferentes, baseadas em questões tributárias e de exploração fez diminuir o misticismo religioso, mas não a idéia de dominação e superioridade uma vez que consideravam os outros ferozes, cruéis, irracionais e, sobretudo, por força religiosa, como seres alienados da virtude, ou seja, sem humanidade; uma vez que essa virtude considerava não só a racionalidade, mas também a capacidade de receber a graça Divina.

Segundo Aristóteles e são Tomás de Aquino os espíritos inferiores, em corpos robustos, eram destinados a serem servos e, com base nisso, puderam considerar viável a sua escravidão.

Já no fim do século XV e início do século XVI, com o processo de acumulação primitiva de capital, denominado assim por Marx; e através do contato com outras culturas e sociedades é que começa o processo traumático da descoberta do outro onde já se via a necessidade de reconhecer no outro, embora de forma resistente, o humano; devido à necessidade de se relacionar principalmente por fins comerciais.com isso vão se rompendo alguns valores ideológicos impostos pela igreja.

Nessa fase do processo de descoberta da humanidade do outro, entre 1550-1551, no debate entre Bartolomeu de Lãs Casas e Juan Gines Sepúlveda, acerca dos índios americanos serem ou não humanos e, paralelamente, a desagregação do feudalismo ocorrido na Europa Ocidental cujo processo de expropriação do individuo do seu meio de produção, a abertura para a venda da força de trabalho e a escravização do individuo ao capital, faz surgir à sociedade moderna.

Essa liberdade individual aliada à necessidade de aquisição de mercadoria transforma o comportamento da sociedade que abandona um pouco o sagrado para dar lugar a ambição e satisfação pessoal; essas mudanças estimulam o desenvolvimento da lógica capitalista, mas também torna a existência social heterogênea e anárquica.

20080513debret-cafe Fatores como a expansão comercial, a pluralidade cultural, o desenvolvimento do individuo, a vivencia da pluralidade e a heterogeneidade social é que se faz como pontos fundamentais na descoberta da humanidade do outro; no entanto, surge, com isso, a hierarquização de cultura (método que relativiza o homem conforme a sua organização), mas é na necessidade da Europa Cristã de manter seus costumes de sagrados que se legitima o discurso de dominação sobre o outro que, neste momento, já era reconhecido à humanidade, mas era tido como inferior.

Nessa divisão Las Casas chega a estabelecer uma hierarquia que dividiam os bárbaros em quatro grupos sendo: os ferozes contrários a razão humana, os que não possuíam um idioma literário, os que viviam sem leis e sem cidades e, por fim, os que não eram Cristãos.

Como já não se podia mais negar a humanidade no outro se fez necessário, no século XVIII, junto com o pensamento científico, novas maneiras de classificar o outro a partir das suas características físicas, biológicas, bem como as seu comportamento denominando assim de “raças” humanas. O naturalista Carlos Linneo foi o responsável por essa pseudociência que trazia nessas características uma nova hierarquia moral onde Artur Gobineau prossegue desenvolvendo a teoria das raças e suas desigualdades que denuncia e denigre a idéia de miscigenação e a decadência da raça branca uma vez que misturada e, com isto, um novo método de dominação dos brancos ocidentais sobre o restante da humanidade criando, assim, através do europeu uma cultura etnocentrista e eurocentrista.

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