domingo, 4 de outubro de 2009

Vigiar e Punir



Os recursos para um bom adestramento.



É comum ouvir e ler citações de Foucault no que diz respeito à disciplina, e não diferente temos aqui um Foucault que equipara a disciplina ao adestramento já que, pela sua ótica, a disciplina fabrica os indivíduos, tornando-os objetos e instrumentos do exercício do poder (aqui chamado de poder disciplinar).

E para que haja sucesso nesse poder disciplinar Foucault nos apresenta três recursos: A vigilância hierárquica, a sanção normalizadora e, por fim, o exame.

Vigilância hierárquica – é o exercício que impõe a disciplina através do jogo do olhar, ou seja, uma vigilância constante. Esses observatórios vêem tomando forma desde a época clássica onde se importavam menos com a beleza e mais com a vigilância, de forma que o interior das construções pudesse estar sempre visível. Os prédios eram agentes de transformação dos indivíduos, deixando visível seu comportamento. Á partir do século XVIII, foi adotada a arquitetura circular para um melhor desenvolvimento do olhar disciplinar. A fim de compor uma vigilância exata; escolas, hospitais, acampamentos militares, entre tantas outras instituições se valem da estratégia da observação inclusive em dormitórios, refeitórios e banheiros que eram, geralmente, construídos dentro de um esquema onde a arquitetura dessas instituições permitisse a maquinaria de controle.

Com o tempo a arquitetura circular foi dando espaço para a arquitetura piramidal tornando a vigilância menos concentradora e foi, consequentemente, ganhando corpo em fabricas e oficinas com inspetores que passam a avaliar, do operário, tudo; desde seu conhecimento técnico até o seu comportamento. Esse modelo também foi utilizado no ensino elementar e na escola paroquial, onde alunos eram nomeados oficiais e passavam exercer poder e vigilância sobre os demais.

Esta pratica fiscalizadora torna-se um sistema contínuo controlando, inclusive, os encarregados de controlar. A vigilância Hierarquizada funciona como uma maquina que produz o poder. Através desta técnica dá-se o domínio sobre o corpo sem precisar se utilizar da violência tornando, portanto, uma maneira discreta e indolor de controlar e adestrar o outro.

Sanção Normalizadora: - Esse sistema disciplinar funciona como um pequeno mecanismo penal com o intuito de repreender atrasos, faltas, desatenções, etc.

Essa pratica vai desde castigos e leves punições físicas até á pequenas humilhações; a sua função é fazer respeitar ordens, normalmente utilizadas em regulamentos, combinados, etc. e, também, hierarquizar em relação mutua separando os bons dos maus. A função do castigo disciplinar é reduzir os desvios por meio do exercício e da repetição do correto. De forma positiva inclui aqui também as gratificações. Esse método intervem no comportamento do individuo avaliando-o e modificando-o.

Exame – é a junção da hierarquia que vigia e a sanção que normaliza e que permite qualificar, classificar e punir.

Foucault da ao exame três características principais: a primeira é a do ritual ou cerimônia (onde o olhar impõe poder sobre o individuo). Segundo, como um documentário (campos comparativos que permitem classificar, formar categorias, estabelecer medias e fixar normas) e, por fim, o fato de tornar o individuo um “caso” (que pode ser descrito, mesurado, comparado, e também treinado, classificado, normalizado, excluído, etc.).

Assim, o exame é visto como o principal dos recursos citados, pois ele combina a vigilância hierárquica e sanção normalizadora extraindo o máximo do individuo.

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