sábado, 3 de outubro de 2009

O Desenvolvimento da Língua Portuguesa


(Da Pré-história à Reforma Ortográfica).
A linguagem é uma das características mais interessantes do homem e essa necessidade se faz desde a pré-história, já que antes da linguagem oral e escrita, o homem se valia de símbolos pictórios (arte rupestre) e desde então já se percebe no homem a necessidade de uma comunicação a fim de exercer certa organização social।
Há indícios de que as primeiras articulações de sons (ruídos), convencionadas em códigos, aconteceram na Europa Oriental a 3000 (a.C) e, assim, o Indo-europeu evoluiu em diversas novas línguas e, entre eles, o Latim; Língua esta pertencente à família das línguas Indo-européias e faladas na cidade de Roma e na Província do Lácio, já que era uma língua pertencente ao grupo itálico também conhecido como latinos, fundadores da cidade de Roma.
Pôs-se, nos fins do século III a.C e através dos exércitos de Roma que chegaram à Península Ibérica, o processo de Romanização, onde os romanos impuseram sua cultura a diversos povos (inclusive Celtas e Iberos) constituindo uma nova organização à sua política, religião e principalmente sobre a sua Língua, enquanto isso, crescia no Império o Cristianismo e junto com ele o latim, que passou a ser a Língua oficial das regiões conquistadas embora já não fosse mais o mesmo Latim do inicio de Roma, agora divididos entre o Latim vulgar e o Latim clássico e se estendeu, no Século I a.C, por toda a parte Ocidental da Europa até Portugal dando origem às Línguas Latinas.
No século IV em meio à romanização e ao crescimento do Cristianismo no Império, onde a fé cristã se torna a religião oficial de Roma; vemos, do ponto de vista lingüístico, a igreja preservando o latim escrito em textos sagrados e também em rituais.
E embora já no século V a invasão germânica tivesse mantido, através dos bárbaros, a cultura e a língua do povo romanizado, pode-se notar, nesse período, a sua marca no latim deixada por esse povo principalmente em palavras ligadas à guerra ou a agricultura. É importante lembrar que, com o domínio dos bárbaros, as escolas romanas foram encerradas e o latim foi liberado para evoluir sozinho já que cada tribo germânica falava latim de maneira diferente, o que levou ao rompimento da uniformidade da península e consequentemente a formação de varias línguas diferentes.

No século VIII d.C. vieram os árabes, eles permaneceram na região por sete séculos, dominando vastas regiões, com exceção do norte, onde os cristãos refugiaram-se para organizar a resistência à invasão. Inúmeros vocábulos ligados ao comércio, à guerra, à administração, à vida quotidiana são de origens árabes. Em toda a Europa falava-se neste momento o Romanço, nome dado a um conjunto de dialetos que formam a fase transitória entre o Latim e suas atuais línguas neolatinas.
Existiram duas províncias diferenciadas no que seriam os territórios em que se formou a língua portuguesa: a antiga província romana da Lusitânia e a província da Galícia a norte.
Com a independência do condado, no século XII, D. Afonso Henriques passa a ser o primeiro rei de Portugal lutando por um lado contra Leão e Castela e por outro, contra os árabes; nesse período o dialeto falado na região do condado era o galego-português e à medida que aumentavam as suas fronteiras ao sul, o dialeto ia modificando ficando o galego como uma variante do Espanhol e o Português se desenvolvendo como a Língua da nova Nação.

Com as grandes navegações ocorridas a partir do século XV os domínios de Portugal trataram de levar a Língua Portuguesa às novas terras como América, África, Ásia, Oceania e Ilhas do Atlântico e embora tenha havido modificações do Português em contato com outras Línguas, surgindo novos dialetos, devemos atestar que não houve, como aconteceu com o Latim, a fragmentação da Língua o que posicionou o Português numa unidade sólida, falada não só em Portugal como em várias regiões acima citadas.Com o início efetivo da colonização portuguesa
Em 1532, a língua portuguesa começa a ser transportada para o Brasil. Aqui ela entra em relação, num novo espaço-tempo, com povos que falavam outras línguas, as línguas indígenas, e acaba por tornar-se, nessa nova geografia, a língua oficial e nacional do Brasil. Podemos estabelecer para esta história quatro períodos distintos, se consideramos como elemento definidor o modo de relação da língua portuguesa com as demais línguas praticadas no Brasil deste 1532.

O primeiro momento começa com o início da colonização e vai até a saída dos holandeses do Brasil, em 1654. Nesse período o português convive, no território que é hoje o Brasil, com as línguas indígenas, com as línguas gerais e com o holandês, esta última a língua de um país europeu e também colonizador. As línguas gerais eram línguas tupi faladas pela maioria da população. Eram as línguas do contato entre índios de diferentes tribos, entre índios e portugueses e seus descendentes, assim como entre portugueses e seus descendentes. A língua geral era assim uma língua franca. O português, como língua oficial do Estado português, era a língua empregada em documentos oficiais e praticada por aqueles que estavam ligados à administração da colônia.
O segundo período começa com a saída dos holandeses do Brasil e vai até a chegada da família real portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808. A saída dos holandeses muda o quadro de relações entre línguas no Brasil na medida em que o português não tem mais a concorrência de outra língua de Estado (o holandês). A relação passa a ser, fundamentalmente, entre o português, as línguas indígenas, especialmente as línguas gerais, e as línguas africanas dos escravos. Esse período caracteriza-se por ser aquele em que Portugal, dando andamento mais específico ao processo de colonização, toma também medidas diretas e indiretas que levam ao declínio das línguas gerais. A população do Brasil, que era predominantemente de índios, passa a receber um número crescente de portugueses assim como de negros que vinham para o Brasil como escravos.
Para se ter uma idéia, no século XVI foram trazidos para o Brasil 100 mil negros. Este número salta para 600 mil no século XVII e 1,3 milhão no século XVIII. O espaço de línguas do Brasil passa a incluir também a relação das línguas africanas dos escravos e o português. Com o maior número de portugueses cresce também o número de falantes específicos do português. E isto tem uma outra característica: os portugueses que vêm para o Brasil não vêm da mesma região de Portugal. Desse modo, passam a conviver no Brasil, num mesmo espaço e tempo, divisões do português que, em Portugal, conviviam como dialetos de regiões diferentes.
Nesse período, ainda, há dois fatos de extrema importância. O primeiro deles é a ação direta do império português que age para impedir o uso da língua geral nas escolas. Esta ação é uma atitude direta de política de línguas de Portugal para tornar o português a língua mais falada do Brasil. Uma dessas ações mais conhecidas é o estabelecimento do Diretório dos Índios (1757), por iniciativa do Marquês de Pombal, ministro de Dom José I, que proibia o uso da língua geral na colônia. Assim, os índios não poderiam mais usar nenhuma outra língua que não a portuguesa. Essa ação, junto com o aumento da população portuguesa no Brasil, terá um efeito específico que ajuda a levar ao declínio definitivo da língua geral no país (4).
O português que já era a língua oficial do Estado passa a ser a língua mais falada no Brasil.
O terceiro momento do português no Brasil começa com a vinda da família real em 1808, como conseqüência da guerra com a França, e termina com a independência. Poderíamos utilizar, como data final desse período, 1826, pois é nesse ano que se formula a questão da língua nacional do Brasil no parlamento brasileiro.
A vinda da família real terá dois efeitos importantes. O primeiro deles é um aumento, em curto espaço de tempo, da população portuguesa no Brasil. Chegaram ao Rio de Janeiro em torno de 15 mil portugueses. O segundo é a transformação do Rio de Janeiro em capital do Império que traz novos aspectos para as relações sociais em território brasileiro, e isto inclui também a questão da língua. Logo de início Dom João VI criou a imprensa no Brasil e fundou a Biblioteca Nacional, mudando o quadro da vida cultural brasileira, e dando à língua portuguesa aqui um instrumento direto de circulação, a imprensa. Esses fatos produzem certo efeito de unidade do português para o Brasil, enquanto língua do rei e da corte.
O quarto período começa em 1826. Nesse ano o deputado José Clemente propôs que os diplomas dos médicos no Brasil fossem redigidos em "linguagem brasileira". Em 1827 houve um grande número de discussões sobre o fato de que os professores deveriam ensinar a ler e a escrever utilizando a gramática da língua nacional. Ou seja, a questão da língua portuguesa no Brasil, que já era língua oficial do Estado, se põe agora como uma forma de transformá-la de língua do colonizador em língua da nação brasileira. Temos aí constituída a sobreposição da língua oficial e da língua nacional.
Essas questões tomam espaços importantes tanto na literatura quanto na constituição de um conhecimento brasileiro sobre o português no Brasil. É dessa época a literatura de José de Alencar, em debates importantes com escritores portugueses, que não aceitavam o modo como ele escrevia. É também dessa época o processo pelo qual os brasileiros tiveram legitimadas suas gramáticas para o ensino de português e seus dicionários. Dessa maneira cria-se historicamente no Brasil o sentido de apropriação do português enquanto uma língua que tem as marcas de sua relação com as condições brasileiras.
Pela história de suas relações com outro espaço de línguas, o português, ao funcionar em novas condições e nelas se relacionar com línguas indígenas, língua geral, línguas africanas, se modificou de modo específico e os gramáticos e lexicógrafos brasileiros do final do século XIX, junto com nossos escritores, trabalham o "sentimento" do português como língua nacional do Brasil.
Esse quarto período, no qual o português já se definira como língua oficial e nacional do Brasil, trará outra novidade, o início das relações entre o português e as línguas de imigrantes.
Começa em 1818/1820 o processo de imigração para o Brasil, com a vinda de alemães para Ilhéus (1818) e Nova Friburgo (1820). Esse processo de imigração terá um momento muito particular na passagem do século XIX para o XX (1880-1930). A partir desse momento entraram no Brasil, por exemplo, falantes de alemão, italiano, japonês, coreano, holandês, inglês. Deste modo o espaço de enunciação do Brasil passa a ter, em torno da língua oficial e nacional, duas relações significativamente distintas: de um lado as línguas indígenas (e num certo sentido as línguas africanas dos descendentes de escravos) e de outro as línguas de imigração. Com isso desenvolve-se um novo processo de incorporação na Língua Portuguesa falada e escrita no Brasil que se revela repleta de novas palavras.


Mudanças na Ortografia da Língua Portuguesa

A partir de Janeiro de 2009, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tiveram a ortografia unificada. O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol.
A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Portanto, sua unificação facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros.
Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal esteja modificado enquanto no Brasil, a mudança foi bem menor: 0,45% das palavras tiveram a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, são conservadas as pronúncias típicas de cada país, ou seja, o que muda na ortografia realmente:
· As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de “abençôo”, “enjôo” ou “vôo”, os brasileiros terão que escrever “abençoo”, “enjoo” e “voo”.
· Mudam-se as normas para o uso do hífen - Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
· Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como “louvámos” em oposição a “louvamos” e “amámos” em oposição a “amamos”.
· O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
· O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de “k”, “w” e “y”. O acento deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).
· Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”.onde o certo passou a ser assembleia, ideia, heroica e jiboia.
· Em Portugal, desaparecem da língua escrita o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como em “acção”, “acto”, “adopção” e “baptismo”. O certo agora é: ação, ato, adoção e batismo.
· Também em Portugal foi eliminado o “h” inicial de algumas palavras, como em “húmido”, que passa a ser grafado como no Brasil: “úmido”.
· Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.

Com a unificação da ortografia, os brasileiros terão uma preocupação a menos. "Se você for à esquina agora e comprar um romance do José Saramago, você vai ver que ele está escrito na grafia lusitana. Nós, Brasileiros, aceitamos isso, no entanto, quando um brasileiro vai fazer pós-graduação em Portugal, ele tem que produzir a sua tese de acordo com a ortografia lusitana uma vez que os portugueses são inflexíveis".
Sobre as críticas de que o Acordo não unifica a língua portuguesa, pois existem palavras com significados diferentes nos países lusófonos -"putos" em Portugal, por exemplo, significa rapazes--, José Carlos de Azeredo, doutor em letras e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, afirma que isso não é argumento:
“O Acordo diz respeito à ortografia, não ao vocabulário de cada país; é impossível unificar o vocabulário, não dá para fazer isso nem dentro de um só país. A palavra "farol" no Rio de Janeiro, por exemplo, é usada apenas para designar o farol do carro. Já em outros Estados do mesmo país, tem outros sentidos", e acrescenta: "Teremos quatro anos para consolidar essa nova ortografia. Ninguém é obrigado a mudar a sua maneira de escrever, mas não adianta ser contra as mudanças, pois estamos sujeitos à lei". Afirma Azeredo.
Com isso, trazemos para o Brasil não só as tradições e expressões orais que vem desde a sua essência com os primeiros povos latinos, suevos e mouros, mas todo comportamento de um povo lusitano e isto inclui a Língua que herdamos ainda mais viva de Portugal enquanto vetor do patrimônio cultural imaterial.

Curiosidades
Cerca de 250 milhões de pessoas no mundo falam a Língua Portuguesa atualmente. No Brasil, estão 80% desses falantes.
O português é a língua oficial em: Portugal, Ilha da Madeira, Arquipélago dos Açores, Brasil, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
A Língua Portuguesa é a quinta língua mais falada do planeta e a terceira mais falada entre as línguas ocidentais, atrás do inglês e do castelhano.
Por toda a importância dada a Língua Portuguesa, seu ensino agora é obrigatório nos países que compõem o Mercosul.

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